Desistir tanto de viver na vida, para viver tanto na dor, deve encerrar um segredo tremendo – só os mortos têm acesso a uma devoção eterna, só os mortos são puros, só os mortos nunca quebram as suas juras. É com sangue, o corpo como um círio, a língua a tremer na violência do cântico, animal, inumana, serpente do amor e da morte.Este lugar é tão escuro, quando se vem da luz, mas é também escuro, quando se vem da treva. É o lugar mais escuro a que a alma de um homem pode chegar – depois não há depois; depois nada mais há.O menino e a sua vela acesa. O menino no escuro com a sua vela acesa. O menino com a sua vela acesa a chorar no escuro. Porque uns o expulsaram por ser demasiado feio, porque outros o abandonaram por ser demasiado belo. O menino furioso no escuro, agita no ar as mãos em chamas – e não ardem. Flocos de neve bailam em volta da sua cabeça, são uma coroa, não de espinhos.Enquanto fores, eu serei. Quanto te apagares, apagar-me-ei. Tenho medo que o meu coração ainda continue a bater, para além da morte.
terça-feira, 28 de agosto de 2007
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