quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Elogio da Marvel

Filmes chatos e maus só valem pela distância para que nos remetem. Enquanto via Spiderman 3, exemplo de franchise que é sempre a descer (oh Sam Raimi, so well-behaved), dei por mim a pensar em Hitler e Estaline. Esses mesmos, Hitler e Estaline. Como se Riefenstahl e Chiaureli, quando os puseram, um de cada vez e cada um em seu sítio, a descer dos céus para acudirem aos seus pobres e desamparados cidadãos, estivessem menos a pensar numa alusão religiosa do que na super-humanidade dos comics. O Homem-Aranha ou o Super-Homem mergulham por entre os arranha-céus da mesma maneira, e são recebidos da mesma maneira.Não admira, portanto, que o universo dos comics esteja sempre a um pequeno passo do fascismo*. E que tenha plena consciência disso - razão pela qual tem, esse universo, a tendência para se cobrir de fatalismo. O fatalismo como antídoto para o fascismo, espécie de negação das virtudes da predestinação, dark side da providência: eis uma ideia que, assim de repente, me parece interessante.*Antes que reclamem: não uso, obviamente, a palavra "fascismo" em sentido histórico e mussoliniano

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